Prêmio Água na Boca/Ilha: Mocellin é a grande campeã; confira os outros ganhadores

Estabelecimento leva vez o título pela 13ª vez

por Patrícia de Paula

A diversidade de opções, em que as carnes são as estrelas, fazem a diferença no menu - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

O prêmio Água na Boca 2018 confirma a vocação do bairro para a gastronomia. Oito personalidades gourmets apontam suas preferências nas categorias Restaurante, Peixes/Frutos do Mar, Massas/Pizzaria, Bar/Botequim, Quilo/Bufê e Japonês. Cada voto vale dez pontos, e, ao lado de surpresas como uma casa especializada em frutos do mar vencer no quesito japonês, caso do Lagostinne, mais uma vez alguns campeões de votos se consagraram como vencedores em suas especialidades: a Mocellin faturou o título de melhor Restaurante; e Saíra, o de melhor Quilo/Bufê, ambos pela 13ª vez, confirmando a tradição e a fidelidade do público que conquistaram pelos serviços que prestam. Na categoria Massas/Pizzaria, o vencedor foi o Belucci, que há anos chegou a servir almoço, mas optou por focar no segmento de pizzas e massas para fisgar os clientes, estratégia que deu certo. No final da edição, confira o serviço reunindo todos os restaurantes citados pelos jurados, com endereços e horário de funcionamento.

Churrascaria Mocellin (Restaurante)

Integração. Marcelo Zini (ao centro) e a equipe: foco em atender bem o cliente para manter a fidelidade - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

Com 12 títulos anteriores de melhor restaurante pelo Prêmio Água na Boca — incluindo os da época em que se chamava Porcão —, a Churrascaria Mocellin poderia muito bem “colocar o boi na sombra” e seguir apenas colhendo louros do passado. Ao contrário, procura se reinventar e levar mais novidades e conforto ao público fiel que mantém. Tanto que abocanhou mais uma vez o prêmio de melhor restaurante da Ilha do Governador, o 13º.

Para Marcelo Zini, que está na casa há 20 anos, sendo dez como gerente, a receita do sucesso é a busca constante pela excelência no atendimento, além, é claro, de oferecer produtos de primeira qualidade.

O melhor do Prêmio Água na Boca 2018 na Ilha do Governador

  • Combinado do Lagostinne, o melhor japonês da Ilha do Governador Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

  • A pizza de camarão paulista está entre os quase 40 sabores entre salgados e doces Foto: Divulgação

  • A diversidade de opções, em que as carnes são as estrelas, fazem a diferença no menu Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

  • O camarão à Tubiacanga é um dos pratos clássicos da Capitania, servido numa travessa de meio metro Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

  • Integração. Marcelo Zini (ao centro) e a equipe: foco em atender bem o cliente para manter a fidelidade Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

  • A Quatro em Um tem opções à escolha do cliente num único pedido: R$ 65,50 Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

  • Glauco Rocha acompanha os pais desde criança e agora está à frente do restaurante Foto: Marcelo de Jesus / Agência O Globo

— Nossa equipe é muito boa, responsável e focada no cliente. Fazemos reuniões semanais para manter o alto padrão de atendimento e melhorar cada vez mais para que cada cliente saia satisfeito e volte sempre — afirma Zini, lembrando da importância de funcionários da limpeza e dos que ficam na cozinha e não atendem diretamente o cliente. — Não é porque eu estou atendendo aqui que estou sozinho. Tem toda uma estrutura por trás, que faz parte do todo. Há 120 funcionários.

Na Mocellin, são atendidas cerca de 18 mil pessoas por mês. Desse total, cerca de 13 mil vão em busca do tradicional rodízio de carnes. O restante é para a pizzaria, aberta num anexo há três anos. A procura foi surpreendente, segundo o gerente:

— Investimos pesado. Contratamos o Severino Ramos, um pizzaiolo fera, que passou por casas de renome na cidade como Bráz e Capricciosa, e que sabe onde encontrar os melhores fornecedores. Nossa farinha e nosso molho de tomate são italianos, e a mozarela é a de melhor marca no mercado. Sem falar no forno a lenha, que é um grande diferencial.

São quase 30 opções de sabores: shiitake, linguiça de javali e presunto de Parma, entre outras delícias. Quando foi criada, a pizzaria era apenas à la carte, mas logo os clientes começaram a pedir o rodízio, no que foram prontamente atendidos. Num sábado, por exemplo, a pizzaria da Mocellin chega a atender 300 pessoas, sendo cerca de 30 à la carte. O restante prefere o rodízio, que custa R$ 45, de domingo a quinta; e R$ 49, às sextas e aos sábados.

Para acompanhar as pizzas, há bons vinho na casa. E Zini trouxe sua experiência como sommelier para criar a carta de vinhos. Além disso, tem organizado eventos de degustação na parte superior da Mocellin. O último encontro aconteceu há duas semanas e reuniu 140 pessoas:

— Os clientes estão se interessando mais por vinhos, e buscam conhecimento. Tenho um grupo com quase 200 cadastrados. Sempre que há degustação, faço o convite, que custa R$ 170, e inclui o rodízio de carnes, bufê de saladas, alguns pratos específicos e a degustação de cinco tintos e um branco — conta, lembrando que a carta está disponível em todo o complexo.

A importância de diversificar

Foi-se o tempo em que churrascaria oferecia somente carnes. Elas continuam sendo a especialidade, mas há uma variedade de opções para os mais diversos paladares. Na Mocellin, o sushibar, que está incluído no rodízio, é um dos maiores sucessos, em especial junto ao público de até 40 anos de idade. Igualmente imperdível é o bufê com cerca de 30 opções de saladas e cinco ou seis pratos quentes, revezados. Segundo Marcelo Zini, um dos que não saem de oferta é a casquinha de siri. Sucesso na casa, ela precisa estar presente diariamente. Outros se revezam, como os risotos, de camarão ou de quatro queijos. E os peixes também são alternados: tilápia, tamboril e salmão, entre outros.

Integração. Marcelo Zini (ao centro) e a equipe: foco em atender bem o cliente para manter a fidelidade - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

— Antes de os clientes partirem para as carnes, eles certamente dão uma volta pelo bufê. E nunca retornam para a mesa com o prato vazio — conta o gerente.

Entre as carnes, Zini revela que, de três a quatro anos para cá, houve uma revolução devido à oferta de bois da raça britânica angus (red angus e black angus), de carne extremamente macia e saborosa. Na Mocellin, os cortes especiais estão disponíveis no rodízio e na pizzaria, à la carte.

— Os clientes estão mais exigentes e pedem pelos especiais. Eles poderiam ser servidos no espeto, mas até como forma de diferenciar das demais carnes servimos no prato. Da raça angus temos o ryb eye, chorizo argentino, assado de tiras, o bife de novilho e o shoulder.

Para mensurar como aumentou a procura por esses cortes, o gerente conta que, ainda na época do Porcão, quando não havia o angus, a picanha dominava de 25% a 30% dos pedidos de carnes servidas. Hoje, está em 12%.

— Tem muita gente que chega aqui e sequer come picanha, apesar de oferecermos as argentinas e uruguaias, que são de altíssima qualidade — diz o gerente.

Na churrascaria também são servidas carnes de avestruz, javali e cordeiro e costela suína, outra que tem grande procura. Zini revela que o consumo mensal chega a 15 toneladas de carne.

— A carne é nosso carro-chefe, sem sombra de dúvida — afirma.

Belucci (Massas/Pizzaria)

A pizza de camarão paulista está entre os quase 40 sabores entre salgados e doces - Divulgação

Quem não ama uma pizza quentinha saindo do forno na hora? Essa delícia, ou uma boa massa, combina com o paladar gourmet, principalmente nas noites mais frias. Nem adianta pensar em dieta, pois no quesito massas e pizzas, ela definitivamente não tem vez. Foi nessa categoria que a Pizzaria Belucci levou o título de número um no coração e na preferência dos insulanos.

Proprietário da casa há cinco anos, Roberto Pardo diz que a mudança no foco foi importante para consolidar a Belucci no segmento de massas e pizzas:

— Antigamente, também servíamos almoço, mas optei por focar nesse segmento e, assim, firmar o nome da Belucci no bairro. A estratégia deu certo. Hoje conseguimos nos tornar referência em rodízio de pizzas e massas.

Segundo Pardo, entre os cerca de 40 sabores de pizzas disponíveis — doces e salgadas —, os que fazem mais sucesso são os de camarão paulista e de sorvete.

Os clientes também podem saborear opções de massa como espaguete, talharim, pene, dois tipos de lasanha, três tipos de ravióli e um tipo de nhoque.

— Nós oferecemos um sabor diferenciado, graças a uma massa mais fina, aos ingredientes de boa qualidade que usamos e ao molho de tomate feito com muito carinho na própria casa. Sem falar no forno a lenha, que dá um sabor todo especial à pizza — acrescenta Pardo.

A Belucci oferece ainda o refil de bebidas não alcoólicas incluído no rodízio, que custa R$ 36,90, de segunda a quarta-feira, e R$ 39,90, de quinta a domingo. A pizzaria também trabalha com delivery, mas o forte, sem dúvida, é o rodízio.

— O sucesso é fruto de um trabalho sério, que não visa somente ao lucro, mas à satisfação do cliente. Não abro mão de um bom atendimento. E toda vez que o cliente volta é sinal de que estamos no caminho certo — considera Pardo.

Lagostine (Japonês)

Combinado do Lagostinne, o melhor japonês da Ilha do Governador - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

O Restaurante Lagostinne é uma combinação de tradição e modernidade em pleno Jardim Guanabara. Nasceu há cinco anos, a partir da pequena peixaria inaugurada, em 2006, pela família Martinho no local. Inicialmente, o Lagostinne servia apenas frutos do mar. Um ano depois, apostou no filão da comida oriental. E acertou em cheio. Tanto que, este ano, fisgou o título de melhor japonês.

— Nosso maior segredo é a qualidade dos peixes e dos frutos do mar. Todos são frescos. Não trabalhamos com nada congelado. Abrir um restaurante foi natural, afinal são muitos anos trabalhando com peixe — explica o proprietário, Diogo Martinho.

A antiga peixaria, Rei do Peixe, continua funcionando a todo vapor no local, fornecendo os produtos para o Lagostinne, que se instalou na parte de cima.

— A procura pela comida japonesa surpreendeu, tanto à la carte, quanto no rodízio. E japonês tem tudo a ver com o peixe fresco. Não poderia haver casamento melhor — diz Martinho, lembrando que o rodízio custa R$ 69,90, de segunda a quinta, e R$ 79,90, de sexta a domingo.

Entre os destaques do cardápio de comida japonesa estão os jyos (bolinhos de arroz envolvidos com salmão) com geleia de amora e geleia de pimenta, os hot balls (bolinhas crocantes de salmão com cream cheese), além das opções tradicionais como os harumakis, sushis, temakis e sashimis. Salmão, atum, polvo, lula e camarão também se destacam no cardápio:

— Uma coisa legal é que agregamos ao rodízio de comida japonesa os petiscos que fazem parte do cardápio normal da casa, como bolinho de bacalhau, casquinha de siri, croquete de carne e porções de camarão.

Martinho lembra que oferecer esses diferenciais só é possível porque a casa é, essencialmente, um restaurante de frutos do mar. Tanto que o Lagostinne foi citado por alguns jurados tanto como opção de melhor restaurante, como no quesito frutos do mar.

— Nesse ponto, o carro-chefe da casa é o camarão à piemontesa, servido empanado com arroz à piemontesa, que é o suficiente para duas ou até três pessoas. É o mais pedido — diz Martinho.

Saíra (Quilo/Bufê)

Glauco Rocha acompanha os pais desde criança e agora está à frente do restaurante - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

A missão é trazer inovações no cardápio, mas mantendo pratos que já são consolidados e apreciados pelo público. Assim o restaurante Saíra conquistou, pela 13ª vez, o título da categoria Quilo/Bufê. O primogênito da família Ferreira, Glauco Rocha, assumiu a tarefa de dar continuidade ao trabalho iniciado pelos pais, Ricardo e Alessandra. Formado em Gastronomia, o jovem de 24 anos administra o negócio. A cozinha continua sob a responsabilidade de Alessandra.

— Desde que eu sou criança é assim. A cozinha era território da minha avó e da minha mãe. Ninguém podia se intrometer — lembra o jovem, aos risos.

Receitas de família, como as empadinhas de queijo, a carne assada e o tutu, estão presentes no cardápio do restaurante. Segundo Rocha, o objetivo é oferecer a maior variedade de opções possível para agradar ao maior número de pessoas. Uma tarefa árdua, ele confessa.

— No dia de servir frutos do mar, por exemplo, alternamos pratos como o camarão com catupiry e o bobó de camarão. Então, quando não tem um ou outro, o pessoal reclama. Mas continuamos nessa missão — diz.

O Saíra serve diariamente mais de 40 pratos, sendo as saladas o principal carro-chefe. Antenada na procura por comida light, a família Ferreira tem apostado na inclusão de pratos sem glúten no menu.

— Aceitamos sugestões dos clientes para tentar melhorar mais a cada dia. Estamos abertos a isso, até porque criamos uma relação de amizade com eles. Muitos nos acompanham há anos — acrescenta Rocha.

O Saíra é um velho conhecido dos insulanos. Foi fundado em 1998 com o nome de Cheiro Verde. Na época, ocupava uma casa no Galeão, onde ficou por 13 anos. Há oito se mudou para o atual endereço no Jardim Guanabara. Atualmente, o quilo custa R$ 44,80 (de segunda a quinta) e R$ 53,90 (sextas e sábados).

Rocha, que acompanha o trabalho dos pais desde criança, sente orgulho pela oportunidade de tocar o negócio:

— Vi e vejo até hoje o esforço dos meus pais, o carinho e o respeito com que tratam o restaurante e os clientes. É meu dever dar continuidade a tudo isso.

O empresário acredita que o segredo para que o restaurante se mantenha soberano por tanto tempo é uma deliciosa comida de qualidade e muito trabalho em equipe.

— Temos em torno de 20 funcionários que são absolutamente imprescindíveis ao nosso negócio. Se ganharmos este ano eu gostaria de dedicar o prêmio a eles — diz Rocha, ainda sem saber que o Saíra foi, novamente, campeão.

Planeta da Ribeira (Bar/Botequim)

A Quatro em Um tem opções à escolha do cliente num único pedido: R$ 65,50 - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

Uma extensão da própria casa, um divã ou um local para relaxar e encontrar os amigos. O Planeta da Ribeira pode ser uma dessas alternativas citadas. Ou pode ser todas elas juntas. É assim que o proprietário, Joaquim Saavedra, vê o seu estabelecimento, aberto em 2002 num dos cantos mais bucólicos da Ilha. O Planeta, que sempre é citado pelos jurados como melhor bar/botequim, arrebatou o título este ano.

— Nossa proposta é manter um bom astral e fazer feliz quem vem aqui, aproveitando esse clima que a Ribeira tem, de cidade do interior onde todos se conhecem — diz o simpático anfitrião, que conhece cada um dos frequentadores do Planeta. — Em 16 anos de casa, a gente acaba formando mais do que clientes, uma verdadeira família.

E para agradar a todos, o Planeta oferece opções variadas no cardápio e na programação. Diariamente tem almoço a quilo e pizzas variadas. Mas é à noite, quintas, sextas e sábados, a partir das 21h, que a casa lota de pessoas em busca de música, diversão e um bom chope gelado.

— Quinta temos vários ritmos. Às sextas, alternamos roda de samba e sertanejo. Sábado são duas bandas que tocam pop, músicas internacionais e sertanejo — conta Saavedra, lembrando que hoje estreia uma roda de chorinho, que passa a ser mensal.

No cardápio do Planeta estão todos os petiscos indispensáveis para acompanhar um drinque e um bom bate-papo. O maior sucesso da casa atualmente é a tábua de petiscos Quatro em Um, que combina quatro opções de aperitivos num único pedido. À escolha, tem aipim frito, carne-seca, lula, linguiça calabresa e frango à passarinho, entre outras opções.

Segundo Saavedra, apesar de o Planeta da Ribeira ter se consolidado como bar e botequim, é um local voltado para toda a família.

— Somos ecléticos e estamos de portas abertas para todos os públicos, dos oito aos 80 — afirma.

Capitania dos Copos (Frutos do Mar)

O camarão à Tubiacanga é um dos pratos clássicos da Capitania, servido numa travessa de meio metro - Marcelo de Jesus / Agência O Globo

Chegando ao restaurante Capitania dos Copos, a sensação é a de entrar numa casa de pescador. Objetos que remetem ao mar estão espalhados por todos os cantos, com o espetacular visual da Praia de Tubiacanga ao fundo. Para completar a experiência, o cardápio é totalmente inspirado nas delícias gastronômicas que o mar proporciona. Tudo isso fez da Capitania o favorito dos jurados na categoria Frutos do Mar este ano.

— O sucesso é resultado de um trabalho em equipe, pois, se a remarmos sozinhos, o barco vai afundar. Mas o melhor de tudo é a tripulação que vai junto, nossos clientes — compara Carlos Brandão, proprietário “dessa casa de pescador”, como ele diz.

O terreno onde hoje funciona a Capitania foi comprado há 25 anos para guardar os barcos de pesca da família. Ao sabor das marés, uma coisa acabou levando à outra:

— Chegávamos com o peixe fresco, e os moradores se interessavam em comprar. Aí fizemos uma peixaria. Depois aproveitávamos e fritávamos os peixes lá mesmo, o que também atraiu o interesse das pessoas. Daí para abrir o restaurante foi um pulo.

Assim surgiram pratos que são atrações à parte na casa, como o camarão à Tubiacanga, servido numa travessa de meio metro, uma porção generosa de camarão empanado, batatas fritas, arroz, pirão e farofa. Segundo Brandão, além da comida e dos mais de 200 rótulos de cachaça à disposição, a energia que vem do lugar é determinante para cativar o cliente:

— Aqui o tempo demora a passar. Contemplar o pôr do sol e olhar para esse mar recarrega as energias. É um lugar privilegiado.

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