Por Juliene Katayama, G1 MS


Funcionários de um frigorífico na área externa após vazamento de amônia — Foto: Dyego Queiroz /G1 MS/Arquivo

Mato Grosso do Sul tinha até o final de março deste ano cerca de 18.900 trabalhadores afastadas dos postos de trabalho por motivos de saúde, o que gera um custo de R$ 24.780 milhões ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desse total, 70% têm algum tipo de trauma no laudo médico.

Não há nenhum tipo de levantamento que apresente os tipos de doenças dos trabalhadores que estão no auxílio doença, mas segundo a assessoria de imprensa do INSS, inclui desde uma questão mais simples, como uma gripe, até a mais grave, como o câncer.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), foram registrados 7.830 acidentes de trabalhos no estado, em 2017, com 38 mortes. Conforme o ranking dos 10 setores que mais registraram acidentes de trabalho, o abate de animais, exceto suínos, na indústria de alimentos lidera com 745 casos.

Em seguida aparece as atividades de atendimento hospitalar (589) e fabricação de açúcar em bruto (312). Em quarto lugar está a coleta de resíduos não-perigosos com 275 casos, em quinto a criação de bovinos (231) e, em sexto, a produção de sementes certificadas (200).

Depois com menos de 200 registros, aparecem transporte rodoviário de carga – 185 -, abate de suínos, aves e outros pequenos animais – 171 -, comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns – 171 – e fabricação de álcool – 152.

Líder do ranking

Uma das unidades da JBS em Mato Grosso do Sul — Foto: Reprodução/TV Morena

O maior frigorífico no estado, mas a quinta empresa do setor em número de acidentes de trabalho, a JBS afirmou que adota uma política sustentável de saúde e segurança para os funcionários, baseada em procedimentos que são rigorosamente aplicados em todas as unidades.

Em Mato Grosso do Sul, são sete unidades produtoras responsáveis por abates de seis mil animais por dia, em média.

A empresa ainda criou um Comitê de Segurança, multidisciplinar, responsável por fiscalizar e promover políticas para preservar a segurança dos funcionários em todas as unidades em Campo Grande, Naviraí, Anastácio, Ponta Porã, Cassilândia, Nova Andradina e Dourados.

Os últimos acidentes em frigoríficos no estado foram por vazamento de gás. Em fevereiro do ano passado, no frigorífico Marfrig, em Bataguassu, houve vazamento de gás amônia do sistema de resfriamento da câmara fria e 21 funcionários precisaram de atendimento médico.

Dois meses depois, houve outro vazamento do mesmo tipo de gás na unidade da JBS de Campo Grande em que 400 funcionários passaram mal. Alguns trabalhadores precisaram ser encaminhados para hospitais.

Em maio, também ocorreu vazamento de gás amônia na unidade da JBS em Ponta Porã que levou 27 funcionários para o hospital da cidade. Para esse incidente da Polícia Militar Ambiental (PMA) aplicou multa de R$ 100 mil.

Serviços aos trabalhadores

O MPT tem o serviço de Plantão Fiscal para os trabalhadores tirarem dúvidas trabalhistas, cálculos rescisórios, consultas de tempo de serviço e fazer denúncias. O agendamento é online e depois comparecem na Superintendência Regional do Trabalho (SRT).

“No Plantão são realizados entre 20 e 30 atendimentos por dia e acredita-se que 50% são denúncias”, afirmou o auditor-fiscal do Trabalho Maurício Martinez.

As denúncias podem ser de vários assuntos, segundo Martinez, entre eles afastamentos devido à doença, acidente do trabalho e outros tipos como falta de registro em carteira, atraso de salários, não recolhimento de FGTS, trabalho escravo, falta de EPI.

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