Por Murillo Velasco, G1 GO


Comissão aponta hospitais com leitos de UTI ociosos, em Goiânia

Comissão aponta hospitais com leitos de UTI ociosos, em Goiânia

Um relatório divulgado pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidades na Saúde de Goiânia concluiu que, entre agosto de 2016 e julho de 2017, quatro em cada 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ficaram desocupados na capital. Segundo o documento, a baixa ocupação inclui hospitais públicos e particulares, conveniados com o município.

A forma como os leitos de UTI são distribuídos na capital também é investigada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que instaurou um procedimento para apurar as denúncias feitas pela CEI dos vereadores de Goiânia.

“Estamos com procedimentos instaurados na promotoria de Justiça e estamos correndo atrás para que a gente consiga apurar os dados e, a partir daí, tomar medidas concretas de solução e melhoria dos problemas”, afirmou o promotor de Justiça Eduardo Prego.

Segundo os vereadores que compõem a CEI, na Câmara Municipal de Goiânia, a “sobra” de vagas em algumas unidades ocorreu durante um período em que dezenas de pacientes morreram a espera de um leito.

Leitos de UTI desocupados entre agosto de 2016 e julho de 2017

Hospital Percentual de leitos desocupados
Hospital de Doenças Tropicais (HDT) 70%
Hospital Santa Genoveva 67%
Hospital Santa Bárbara 61%
Hospital Geral de Goiânia (HGG) 44%

Em relação ao HGG e HDT, o superintendente de acesso a serviços hospitalares da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Cleudes Bernardes, disse que os dados não fazem parte da realidade dos hospitais.

“Estes números não refletem a realidade da baixa taxa de ocupação das unidades da rede estadual. Nossas unidades não têm uma baixa taxa de ocupação, elas têm a ocupação dentro do contexto do Ministério da Saúde, que é 90%, 87% de taxa de ocupação

O Hospital Santa Bárbara disse que todos os leitos de UTI da unidade eram ocupados por pacientes do SUS, mas admite que, a partir de 2016, suspendeu o atendimento por falta de pagamento. Disse ainda que a dívida da Secretaria Municipal de Saúde com o hospital é de R$ 3 milhões.

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia disse que já se reuniu com o Ministério Público e alguns prestadores para melhorar o serviço, mas não alegou sobre a dívida exposta pelo Hospital Santa Bárbara.

Em relação aos pacientes que aguardam vagas em UTI, a Central de Regulação de Goiânia disse que está buscando leitos.

O G1 e a TV Anhanguera não conseguiram contato com o Hospital Santa Genoveva, que foi fechado.

CEI apura irregularidades na Saúde de Goiânia — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Longa espera

A espera por leitos em UTIs tem se tornado, cada vez mais, um problema frequente da capital. Na sexta-feira (16), a TV Anhanguera acompanhou seis pessoas na Unidade de Pronto-Atendimento do Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, aguardando vaga em um dos leitos.

Entre as pessoas que não conseguem as vagas está a dona de casa Fabíola Silva Ferreira, mãe de um bebê de três meses de idade que aguardava por uma leito. A criança chegou na Unidade de Pronto-Atendimento do Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, com pneumonia, e espera uma transferência.

“Está bastante mal, respirando com muita dificuldade e aqui não tem estrutura para ele ficar. É ruim, o coração fica apertado. Fico cobrando eles para botar o remédio. Tive que comprar o 'deletox' para botar no aerossol e o outro produto também porque não tinha”, desabafou a mãe.

O mesmo problema se repete com Antônio Raimundo da Silva, que aguarda vaga para o sogro, que está com pneumonia. “O que eles passam para a gente é que não estão conseguindo vaga. Direto fala com eles, procurando no computador e não está encontrando. Não existe”, afirmou.

A CEI informou que vai convocar oito representantes de hospitais que tiveram taxa de ocupação dos leitos abaixo de 40%.

Bebê de três meses aguarda por vaga em UTI, em Goiânia — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

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