Antes de chegar ao clube, Wesley esteve envolvido no rebaixamento do Barra Mansa na primeira divisão do Carioca. Foi ele o jogador escalado e utilizado em alguns jogos sem estar inscrito na Federação de Futebol do Rio, o que terminou com a perda de pontos nos tribunais.

Depois seguiu para a segunda divisão do futebol goiano e voltaria ao Barra Mansa. Treinou com o grupo que disputaria a Série B1 este ano, mas o clube alegou não ter condições de pagar a taxa de transferência de R$ 900. Passou a treinar em Porto Real, conciliando a rotina com o trabalho e a faculdade de educação física. Pensou em desistir. Até que em um jogo-treino chamou a atenção de seu atual treinador.

— É um garoto que sabe o que quer, bastante compenetrado e muito disciplinado. Jogador de grupo. Já tive o prazer de trabalhar com ele em 2015, no Barra Mansa, e não pensei duas vezes. Tem ajudado muito a nossa equipe, jogador muito forte e que vem se destacando na posição dele - explicou Merica.

Hoje em bom momento, Wesley não fala de outro assunto antes de agradecer a chance que teve de dar continuidade à carreira.

— Eu falo por mim, mas também posso dizer pelos meus companheiros: é um campeonato muito importante pra nós, independente de ser a quarta divisão. Tem muito jogador desempregado, e a gente graças a Deus teve essa oportunidade. Levanto as mãos pro céu. É um grupo especial. A primeira vez que eu cheguei no clube, todo mundo me acolheu de uma forma que não sei como explicar. Cheguei e os caras já me respeitaram, me deram confiança... Não costuma ser assim no futebol - contou Wesley.

As dificuldades durante os mais de três meses de jogos, entre perrengues nos bastidores e campos nem sempre tão apropriados para a prática do futebol, serviram para unir ainda mais o grupo em torno do mesmo propósito: o acesso à terceira divisão.

— Foram meses muito complicados. Às vezes chovia e a gente não podia treinar por causa do gramado. Teve caso de ficar sem treinar em véspera de jogo importante. Além de sermos companheiros de clube, nós somos amigos que formaram uma família. Superamos tudo com muito trabalho e estamos aqui.

O "aqui" que Wesley cita é a vaga conquistada para o "mata-mata" que vai valer o tão sonhado acesso à terceira divisão.

— Estou aqui valorizando muito esse momento. Às vezes a gente se frustra por chegar em casa e não poder ajudar a família do jeito que a gente gostaria. Mas eu vou dar a vida em campo pra chegar em casa, poder abraçar minha mãe e dizer que subimos, que conseguimos a classificação - desabafou Wesley.

O adversário é o 7 de Abril, da capital. Serão dois jogos: ida e volta, ambos no Estádio De Los Larios, em Xerém, distrito de Duque de Caxias. O primeiro é nesta quinta-feira, e o segundo e decisivo será no domingo. O GloboEsporte.com vai acompanhar as batalhas do EC Resende pelo acesso em Tempo Real.