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Educação

Foto: Divulgação

O movimento estudantil do câmpus de Arraias da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em conjunto com alunos quilombolas, manifestou repúdio por declarações proferidas pelo prefeito da unidade, Luiz Paulo, de "cunho racista e preconceituoso", segundo os estudantes. Em grupo denominado "Galera Arraiana", e mostrando-se contra o governo do ex-presidente Lula, o prefeito do câmpus chegou a dizer que "hoje qualquer carniça entra na Federal". 

"Busquem por que o então ministro da educação, o senador Cristovam Buarque, fora demitido por telefone no primeiro governo Lula (Ladrão). Lula acabou com as federais (ou melhor, aparelhou à doutrina gramiscana), nivelou por baixo, enquanto que Cristovam Buarque sonhava revolucionar a educação básica. Hoje qualquer carniça entra na Federal. Onde está o mérito? Quem menos sabe são os que entram. E se quilombola for selecionado ganha bolsa de aproximadamente R$ 950. Alguma coisa em troca? Quero saber! Olhos Abertos! Pura doutrinação lulopetista". 

Segundo o movimento, tais declarações violam uma das mais importantes conquistas das lutas estudantis, que é a democratização do acesso nas universidades. "Além disso, tais declarações penalizam todos os estudantes negros e pobres das nossas universidades, que mesmo estando no ensino superior e tirando notas iguais ou superiores à dos não cotistas, continuam sendo vítimas de preconceito, racismo e discriminação nos campis país a fora". 

Os estudantes cobram esclarecimentos. "Queremos esclarecimentos e providências da direção e reitoria sobre o ato ocorrido. Respeito ao próximo deve vir em primeiro lugar!". 

UFT posiciona-se 

A Universidade Federal do Tocantins encaminhou nota, posicionando-se sobre o ocorrido. Segundo a UFT, o servidor informou que as informações que compõem a nota foram retiradas de trechos de um debate feito em uma rede social e estão fora de contexto. "O debate era acerca da situação econômica e política atual do país. Ao longo da discussão quis, nesse cenário, demonstrar a situação atual das universidades federais e nesse contexto também exemplificar a forma de ingresso nas instituições públicas de ensino e como o uso político, de determinadas políticas públicas, tem sido usadas por parte dos últimos governos, momento em que as bolsas quilombolas foram mencionadas", segundo posicionamento. 

Para Luiz Paulo, ele não foi compreendido ao longo da discussão e algumas pessoas se ofenderam com suas colocações e por isso se retrata. “Eu queria dizer e ainda me retratar perante aos que se sentiram ofendidos, justificando que essa não era a minha intenção. Essa parte do debate foi omitida por quem divulgou as declarações que motivaram a referida nota de repúdio”, esclareceu.

Luiz Paulo afirma ainda que não tem nenhum ódio, nem nada contra a inclusão das classes menos favorecidas nas universidades públicas. "Tampouco tive a intenção atacar, desrespeitar ou afrontar quem quer que seja, conforme dito na referida nota de repúdio. Reitero meu respeito a todos". 

Confira Nota de Repúdio na Íntegra 

O movimento estudantil do campus de Arraias junto com os alunos quilombolas, vem por meio desta manifestar a indignação diante de algumas ações advindas de um servidor da UFT em um grupo do WhatsApp. No dia 26 de outubro de 2017 por volta das 1 hora da manhã o mesmo usou alguns termos com cunho racista e preconceituoso como: “qualquer carniça entra na federal”, “quem menos sabem é os que entram”, “e se um quilombola for selecionado ganha bolsa de R$ 950,00. Alguma coisa em troca. Quero saber! Olhos abertos! Pura doutrinação lulopetista”. Isso de fato demonstra a total falta de respeito com os acadêmicos e quilombolas.

Declarações como essas violam, de maneira lamentável, uma das mais importantes conquistas das lutas estudantis, que é a democratização do acesso à universidades públicas. Além disso, tais declarações penalizam todos os estudantes negros e pobres das nossas universidades, que mesmo estando no ensino superior e tirando notas iguais ou superiores à dos não cotistas, continuam sendo vítimas de preconceito, racismo e discriminação nos campis país a fora.

Com relação específica aos termos proferidos pelo servidor mencionado, no que se refere aos programas de auxílios quilombolas, ressaltamos o dever das universidades de garantir a permanência desses estudantes, devendo, inclusive, proporcionar apoio financeiro a esses discentes. É inadmissível que um servidor desta unidade, em que se prese a liberdade de expressão, fomente, totalitária e reiteradamente, o ódio contra a inclusão das classes menos favorecidas nas universidades públicas.

O movimento estudantil deste campus, portanto, firma seu descontentamento na reprodução de afirmações que afrontam políticas de democratização do acesso às universidades públicas, que, como bem sabemos, foram conquistadas mediante as duras lutas. Queremos esclarecimentos e providências da direção e reitoria sobre o ato ocorrido. Respeito ao próximo deve vir em primeiro lugar!

- Evandro Moura Dias
- Coordenação Estadual Quilombola do Estado do Tocantins (COEQTO)
- Eliane Pinto Teixeira
- Larissa Fernandes De Santana
- Letícia Fernandes De Santana
- Ocupar UFT Arraias
- Lourivaldo dos Santos Souza Coordenador de Educação (COEQTO)
- Acadêmicos Quilombola do Kalunga do Mimoso
- Atlética Athena
- Hugo Junio F. de Sousa
- Atlética Potência
- Alexandra Pinheiro T. Neves
- CATUR - Centro Acadêmico de Turismo.
- Atlética Turística
- Lucas de Jesus da Conceição Alves
-Janilson Soares Rodrigues
- CAMAT - Centro Acadêmico do Curso de Matemática.
-Jeferson Dias dos Santos  Acadêmico do Curso de Matemática -CAMAT -
-Divania D. Moreira
-Dandara Soares-Comunidade Kalunga do Mimoso