Prêmio Água na Boca/Zona Norte: Adegão Português é grande vencedor; vejas os outros eleitos

Estabelecimento tem cardápio com especialidades típicas do país europeu

por Adalberto Neto

Prato suculento servido no Adegão Português - Bárbara Lopes / Agência O Globo

RIO — A edição mais saborosa do ano finalmente chegou, ao menos para os leitores adeptos da boa mesa que aguardavam ansiosos os resultados do Prêmio Água na Boca 2018. Oferecida pelo caderno Zona Norte anualmente, a premiação elege estabelecimentos gastronômicos de excelência na região, com base na votação de um júri de dez personalidades das mais diversas áreas, todos notoriamente gourmets. Atores, músicos, produtores de eventos, blogueiras, jornalistas e profissionais ligados às artes foram convidados a apontar os estabelecimentos de sua preferência em nove categorias. Cada voto valia dez pontos.

Ao lado de algumas casas que já apareceram em edições anteriores do concurso, como é o caso da Dalmu’s, vencedora em duas categorias (Quilo/Bufê e Carnes/Churrascaria), do Bar da Portuguesa (Português) e do próprio Adegão, eleito o melhor restaurante da região, aparecem novidades como o Bronx Burger (Sanduíche) e a La Coccinella (Massas/Pizzaria), que estreiam em grande estilo na premiação. Os votos de minerva couberam à equipe de jornalistas do caderno.

A partir da página 24, após as reportagens sobre os estabelecimentos vencedores em cada uma das categorias do prêmio, o leitor encontrará os endereços e telefones das casas citadas pelo júri.

Adegão Português (Restaurante)

O Bacalhau à Lagareiro vem com azeitonas, batatas e cebolas com casca - Agência O Globo / barbara lopes

Os pratos que levam bacalhau são os maiores cartões de visita do restaurante Adegão Português. Fundado há 64 anos no bairro de São Cristóvão, o estabelecimento já levou o famoso peixe para unidades na Barra da Tijuca e em Ipanema, mas somente a filial da Zona Norte conta com o carisma do gerente Regis Sena. Houve equilíbrio na disputa, mas, no desempate, a casa ficou com o título de Melhor Restaurante do Água na Boca 2018. Cearense de Taperuaba, distrito do município de Sobral, Sena chegou ao Rio aos 16 anos para assumir uma vaga de faxineiro no Adegão e ganhar uma nova família. Ele nem imaginava que essa primeira experiência profissional seria o trabalho de sua vida.

O melhor do Prêmio Água na Boca/Zona Norte em imagens

  • Saborosa. A pizza de brócolis com alho torrado e borda de catupiry é um dos carros-chefe da casa Foto: adalberto neto

  • Prato suculento servido no Adegão Português Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo

  • O Bacalhau à Lagareiro vem com azeitonas, batatas e cebolas com casca Foto: Agência O Globo / barbara lopes

  • A Torta Flaminga é uma das receitas com morango da Lecadô: sobremesa é feita com massa de chocolate e chantilly Foto: Divulgação

  • A costela no bafo é o item mais pedido do cardápio do Cachambeer Foto: Agência O Globo / Fábio Rossi/19-05-2017

  • O bufê da Dalmu’s tem massas, peixes, aves, quitutes e pratos como feijoada, além de churrasco Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo

  • A salada de bacalhau com grão de bico e os bolinhos estão entre as muitas opções no cardápio da casa, gerida pela família Gomes Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo

  • Sanduíche do Bronx Burger Foto: Divulgação

  • Chiquita está criando um modelo de franquia para a marca Foto: Adalberto Neto / Agência O Globo

— Estou aqui há 25 anos. Quando o meu tio, que também trabalha na casa, me ligou dizendo que tinha uma vaga de faxineiro, não pensei duas vezes. Peguei dinheiro emprestado para comprar a passagem e vim. Depois de dois anos na faxina, passei para a lavagem de pratos, onde fiquei mais três. Em seguida, fui para a copa, onde retirava bebidas e drinques, e por lá fiquei por 12 meses. Depois passei a cumim e fiquei ajudando os garçons por quatro anos. Ainda trabalhei mais 13 anos como garçom, antes de começar na gerência, onde estou até hoje — recorda ele.

O bacalhau, como se sabe, é o hors concours do Adegão. Mas, segundo Sena, outros pratos merecem o status de campeões de audiência:

— Nada bate, em número de vendas, os pratos com bacalhau. Mas há ainda o polvo, o camarão, a lula, a paleta de cabrito e o cordeiro, que, às vezes, chegam bem perto.

Num prédio de dois andares, com espaço para 180 pessoas, a casa funciona até a noite. Diariamente, com exceção de sexta-feira, oferece um prato especial no cardápio do dia. Segunda é rabada; terça, dobradinha; quarta, cozido; quinta, ossobuco; sábado, feijoada; e no domingo, cozido novamente.

— É uma maneira de mostrarmos a nossa variedade, que vai além do bacalhau. Muita gente gosta desse tipo de peixe, mas quem não é chegado acaba deixando de vir à casa, porque acha que, por ser especializada em comida portuguesa, só vai encontrar bacalhau. Temos vários tipos de carnes, peixes e aves. Sou suspeito para falar, mas adoro tudo — elogia Sena.

ONDE OS CLIENTES MANDAM

Para Sena, o maior patrimônio do Adegão Português não é o bacalhau, mas os clientes que a casa conserva ao longo de anos. Segundo ele, há frequentadores que vão semanalmente ao restaurante há mais de três décadas.

— A casa tem uma alta frequência sempre. Vem muita gente nova, mas recebemos sempre clientes muito antigos. E eles estão acima de tudo. São os nossos chefes. Não podemos mudar nada no cardápio sem o consentimento deles — conta.

O gerente Regis Sena começou no Adegão Português como faxineiro - Bárbara Lopes / Agência O Globo

E se a frequência já é alta em dias normais, com um aumento considerável nos fins de semana, o número de clientes se multiplica de forma incontável na Sexta-Feira da Paixão, na semana da Páscoa. Nesse dia, os católicos que fazem abstinência de carne vermelha formam fila do lado de fora do Adegão.

— Isso aqui fica uma loucura. E não consigo dizer com certeza qual a média de público, porque a cada ano recebemos mais gente. Este ano, precisamos contratar mais seis garçons para atender à demanda. Geralmente, quando o bicho pega, chamamos nossos funcionários aposentados para trabalhar como freelancers, mas esse é o dia em que mais contratamos extras — destaca Sena.

Vizinho do restaurante, o gerente se orgulha de trabalhar há tanto tempo no Adegão Português. Ele só não abre mão da filial de São Cristóvão.

— Quando abriram em Ipanema, quiseram que eu gerenciasse aqui e lá, mas não aceitei. Primeiramente, porque ia ficar muito puxado para mim e também porque não dá. Minha identificação é com a Zona Norte, adoro São Cristóvão. Desde que vim do Ceará, moro no bairro, em frente à Quinta da Boa Vista. Não saio desse lugar de jeito algum — diz.

E para tudo o que Sena fala, os sócios da casa abaixam a cabeça. Afinal, como ele diz, “antiguidade é posto”. O gerente, que se considera um membro da família dos donos do Adegão, passou por muitas fases de sua vida sob os olhos deles:

— Eles me viram chegar aqui menino, aos 16. Dois anos depois, trouxe minha namorada, que virou minha mulher e, hoje, é também mãe do meu filho de 15 anos. O Adegão e minha família são meus grandes amores.

La Coccinella (Italiano)

Saborosa. A pizza de brócolis com alho torrado e borda de catupiry é um dos carros-chefe da casa - adalberto neto

Quando decidiu abrir um restaurante de massas, há um ano e dois meses, Giovanna Angélica Russo Coutinho nem levou em conta a crise financeira do país. Ela só queria realizar um sonho de menina, alimentado por sua mãe: montar uma pizzaria. Com o as economias que juntou ao longo de muitos anos e uma ideia fixa na cabeça, ela inaugurou a La Coccinella (A Joaninha, em italiano) no Méier.

— Meu pai era italiano e fazia todo tipo de massa lá em casa. Peguei tanto gosto pela coisa que minha mãe começou a colocar na minha cabeça que, quando eu crescesse, tinha que abrir uma pizzaria. Todo mundo me chamou de louca, por investir num negócio em plena crise. Mas a coragem e a vontade me moveram. E pelo visto deu certo, não é? Estou muito feliz com esse rápido reconhecimento — diz Giovanna, satisfeita com a vitória na categoria Massas/Pizzaria, após empate com a Strada Pizza & Grill.

A qualidade do serviço é algo que a empresária gosta de destacar. Com ela, não há reaproveitamento de alimentos nem venda de “gato por lebre”.

— Cada porção de legumes e verduras, que servem de ingredientes para as minhas pizzas, tem a validade de três horas. É ruim desperdiçar, mas é pior oferecer um alimento ruim aos clientes. Aqui tudo é fresco, nós nos programamos para evitar o descarte. Outra coisa: na minha pizza de frango com catupiry, não uso requeijão. É catupiry de verdade. Também não digo que o sabor é de filé-mignon e ofereço chã de dentro. Nós temos cuidado até com a lenha. Não compro uma madeira qualquer, porque pode dar fagulha e cair na pizza — frisa Giovanna.

Cachambeer (Bar/Botequim)

A costela no bafo é o item mais pedido do cardápio do Cachambeer - Agência O Globo / Fábio Rossi/19-05-2017

Antes de a costela no bafo virar fenômeno no Cachambi, o garçom José Soares Bezerra, do Evandro’s Restaurante, já era considerado um querido do bairro. E quando o Cachambeer foi inaugurado, há 17 anos, ele estava lá, à frente da casa, como um chamariz de clientes.

— Atendia o meu atual patrão no Evandro’s. Ele era cliente de lá e gostava do meu trabalho. Quando surgiu a oportunidade no Cachambeer, não pensei duas vezes — diz Bezerra, satisfeito na casa tricampeã na categoria Bar/Botequim.

Zé, como é chamado, viu o estabelecimento crescer, a costela no bafo virar um hit e seu nome ser associado à boa gestão do lugar. O sucesso de público do Cachambeer é tanto, que, segundo ele, lá não são necessários atrativos, como transmissão de jogos de futebol, novela ou música ao vivo.

— Nas nossas TVs, só passam as nossas promoções e fotos feitas na casa. — conta ele, acrescentando que o Cachambeer incluiu novos itens em seu cardápio, como espaguete de camarão e sanduíche de panceta.

Dalmu's (Carnes/Churrascaria e Quilo/Bufê)

O bufê da Dalmu’s tem massas, peixes, aves, quitutes e pratos como feijoada, além de churrasco - Bárbara Lopes / Agência O Globo

Pela primeira vez vencedora do prêmio na categoria Carnes/Churrascaria, a Dalmu’s, até então, tinha fama de conquistar o paladar dos jurados em Quilo/Bufê, façanha que se repetiu nesta edição do concurso. Os títulos, segundo o sócio Eduardo Feres, são motivo de grande honra para a casa na Vila da Penha.

— Adoramos todas as vezes que recebemos o prêmio, porque, afinal de contas, somos uma “churrascaria a quilo”, na verdade. Ser citado pelos jurados pela qualidade da nossa carne é uma vitória — diz Feres.

Para driblar a crise econômica, a Dalmu’s passou a oferecer comida japonesa no almoço, de segunda-feira a sábado; e pizza no jantar, de terça a domingo.

— A carne continua sendo o nosso carro-chefe, mas foi preciso diversificar o cardápio para atingir um público maior — acrescenta Feres.

Faz cinco anos que a Dalmu’s não conquistava um título no concurso Água na Boca. Esse foi o maior intervalo entre um troféu e outro. O restaurante, que levou a melhor Quilo/Bufê em 2006, 2010 e 2013, agora volta ao pódio não só na categoria de praxe, mas também em Carnes/Churrascaria.

— Esse prêmio é importantíssimo para nós. Ser lembrado pelos jurados é um grande reconhecimento. Para enfrentar a concorrência e a crise, temos buscado apresentar nossos serviços a novos clientes, por meio de programas de fidelidade, com descontos para estudantes e funcionários das indústrias do entorno — explica o sócio Eduardo Feres.

Bronx Burger (Sanduíche)

Sanduíche do Bronx Burger - Divulgação

No fim de 2015, o Méier ganhava mais do que uma hamburgueria: um projeto de estilo de vida, segundo os proprietários. Com decoração que imita os subúrbios de Nova York, estilo jovem e hambúrgueres artesanais, a Bronx Burger foi a pioneira no bairro. O sucesso caiu no gosto do público e fez com que a casa abocanhasse o título de melhor sanduíche da região.

— Fomos a primeira hamburgueria artesanal do Grande Méier. Assim que abrimos, a repercussão foi muito grande. No ano seguinte, o negócio já tinha explodido. Aproveitamos para captar recursos e estabilizamos a empresa — afirma Rodrigo Espíndola, sócio da casa.

A decoração, segundo Espíndola, segue um conceito de lifestyle americano.

— A inspiração foi o subúrbio de Nova York, com a sua linguagem de cultura urbana, hip hop e grafite, e uma pegada mais sofisticada. Antes de abrirmos, as pessoas saíam do bairro para comer na Barra ou na Zona Sul. Agora, fizeram do espaço um point, porque se identificaram com a proposta da loja — diz.

Antes de se aventurar no ramo da gastronomia, Espíndola trabalhava como operador do mercado financeiro. Para a empreitada, ele garimpou dois amigos.

— Um é da área de marketing e o outro, administrador de empresas. Viemos para a guerra, dispostos a oferecer mais do que hambúrgueres, mas um estilo de vida — afirma o empresário, que vende cinco mil sanduíches por dia, e entre os mais pedidos está o Bronx Burger.

A casa, que vai oferecer em seu cardápio hambúrgueres da Copa, planeja outras novidades para os clientes.

— Estamos pensando em, uma vez por mês, trazer uma blogueira para interagir com os clientes. Queremos que quem está de fora nos veja como uma marca e não apenas como uma hamburgueria — explica.

O Bronx Burger também abrigará um evento musical.

— O Black ao Vivo será um encontro muito bacana, com um DJ especializado em hip hop, soul music e R&B. Estamos tentando fechar a programação para o segundo semestre — adianta Espíndola.

Lecadô do Méier (Doces)

A Torta Flaminga é uma das receitas com morango da Lecadô: sobremesa é feita com massa de chocolate e chantilly - Divulgação

A região é cheia de lojas da rede Lecadô, mas a do Méier mereceu destaque entre os jurados do concurso. Um dos motivos da preferência, segundo o júri, é o cuidado que a casa tem com a clientela.

— Durante a crise, tivemos uma queda de 20% nas vendas. As pessoas tiram do orçamento o que não é fundamental. Por isso, mais do que criar uma alternativa para a sobrevivência no mercado, passamos a oferecer cupons de descontos e promoções em sites de compras coletivas, com o objetivo de atrair a clientela e melhor atendê-la. Sabemos que as pessoas adoram os nossos produtos, mas já não podem gastar como antes — afirma Andréa da Cunha Ner, sócia da casa inaugurada há nove anos.

Com ou sem crise, a torta de morango com chantilly é a campeã de vendas. Andréa defende o produto.

— A torta não é muito doce e nem enjoativa, sabe? É bastante suave, saborosa. O morango dá uma quebrada na receita, que fica leve — destaca.

Todos os itens vendidos na Lecadô são fabricados diariamente e têm validade de 24 horas. A casa, que não faz entregas desde 2016, tem capacidade para nove pessoas sentadas.

— Não precisamos de muitos lugares, porque a maioria dos clientes compra para viagem. E como a maioria também mora perto e prefere vir à loja, deixamos de oferecer o serviço de entregas, porque estava saindo caro manter sem usá-lo — justifica Andréa.

Apesar de a especialidade serem os doces, a Lecadô também ostenta uma lista de salgados no cardápio. O mais vendido é um clássico: coxinha de galinha.

— Vendemos cerca de 1.300 coxinhas de galinha com catupiry por semana. O item é o grande responsável pelo movimento intenso na cozinha. É impressionante como as pessoas adoram — ressalta Andréa.

Barraca da Chiquita (Regional)

Chiquita está criando um modelo de franquia para a marca - Adalberto Neto / Agência O Globo

Diferentemente do que sugere o nome, a Barraca da Chiquita, estabelecimento eleito pelos jurados como o de melhor comida regional, é um restaurante com capacidade para 650 pessoas na Feira de São Cristóvão. No entanto a casa, no início, fazia jus à alcunha.

— Estou aqui há 39 anos. Comecei com uma barraca pequena mesmo, na feira antiga, do lado de fora do pavilhão, antes das obras da prefeitura, em 2003 — lembra Chiquita.

Sempre lotada no fim de semana, a Barraca da Chiquita levou, em junho de 2017, todo o seu naipe de especialidades (comida nordestina da melhor qualidade, incluindo feijão de corda, baião de dois, carne de sol, cachaças artesanais e sobremesas típicas) para Copacabana. A essência das duas casas, filial e matriz, é a mesma, diz Chiquita:

— O preço é o mesmo, as carnes são assadas na brasa do mesmo jeito e, à noite, oferecemos o forrozinho de parabéns aos aniversariantes. Essa “nordestinidade”, marca registrada, eu fiz questão de levar para lá — conta Chiquita, que emprega, nas duas unidades, 120 chefes de família.

Atualmente, com o negócio a pleno vapor, ela começou a formatar um modelo de franquia. Ao olhar para trás, lembra das dificuldades de um tempo em que nem sonhava que chegaria tão longe.

— Eu trazia toda a mercadoria dentro de um ônibus velho para vender na minha barraca. Foi complicado, mas eu acreditei e tive coragem.

Bar da Portuguesa (Português)

A salada de bacalhau com grão de bico e os bolinhos estão entre as muitas opções no cardápio da casa, gerida pela família Gomes - Bárbara Lopes / Agência O Globo

Inaugurado há exatos 50 anos, o Bar da Portuguesa está nas mãos da família Gomes há três gerações. Durante todo esse tempo, o bolinho de bacalhau continua sendo o item mais pedido do cardápio.

— Quem inaugurou foi o meu avô paterno. Depois, meu pai seguiu com o negócio, mas há 30 anos, ele morreu e minha mãe, que era dona de casa, virou nossa abelha-rainha. Ela aprendeu direitinho a administrar um bar. Mas antes apanhou muito — lembra Paulo Gomes.

Campeã na categoria Português em 2013, a casa volta agora ao topo, após empatar com o Adegão Português e o Rei do Bacalhau.

Só Dona Donzilia sabe o quanto foi difícil aprender a lidar com o negócio. Desistir nunca passou pela sua cabeça.

— Para você ter uma ideia, eu não sabia nem abrir as portas do bar. São de ferro, pesadas. Eu errava na hora de dar troco, não sabia cozinhar direito os itens do cardápio, fazia tudo chorando. No começo, comigo à frente, o negócio deu muito errado. Mas, depois de um tempo, as coisas começaram a clarear. Tive que aprender a gerir a casa, pois o sustento da minha família dependia disso.

Atualmente, além de Paulo, ela conta com a ajuda da filha Cristiane. Os três se revezam nos afazeres do bar.

— Tenho ainda mais uma filha, a Andréa, que também é sócia da casa, mas trabalha num colégio — acrescenta Donzilia.

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Donzilia e Pedro, mãe e filho, abrem o bar de terça a domingo - Bárbara Lopes / Agência O Globo

Além do bolinho de bacalhau, o pastel de camarão é outro hit do Bar da Portuguesa. A casa oferece também pratos sem guarnição.

— Temos a salada de bacalhau, a fritada de camarão, o filé aperitivo, a punheta de bacalhau e o frango à passarinho — lista Paulo.

Todo último domingo do mês, há uma festa portuguesa no local, com apresentação de concertinas. Na próximo edição, haverá uma novidade.

— Vamos oferecer o bacalhau ao forno, com batata à moda da casa, que depois vai seguir no cardápio — adianta Donzilia, que não parou de fritar bolinhos nem durante a entrevista. — Nos primeiros 15 dias deste mês vendemos três mil unidades.