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Crise no Golfo: Sauditas usam bombas brasileiras para matar civis no Iêmen, afirma HRW

© REUTERS / StringerSegundo a Cruz Vermelha, os ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita desde o final de março são a principal causa das mortes de civis no Iêmen
Segundo a Cruz Vermelha, os ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita desde o final de março são a principal causa das mortes de civis no Iêmen - Sputnik Brasil
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A crise que se instalou no Golfo Pérsico entre Arábia Saudita e Irã, com implicações ligadas ao Iêmen, possui a assinatura brasileira – pelo menos quando o tema envolve as bombas lançadas pelas Forças Armadas sauditas contra o território iemenita.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo site Nexo afirma que munições cluster – proibidas por 119 dos 193 países do mundo – que foram fabricadas no Brasil pela Avibrás Indústria Aeroespacial S/A mataram 21 civis, em um total de 17 ataques conduzidos por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen nos últimos cinco anos.

O dado foi repassado à publicação pela pesquisadora da ONG Human Rights Watch (HRW) para Iêmen e Kuwait, Kristine Beckerle. "Em vez de se unir ao grupo de países que defende o banimento das munições cluster, o Brasil se recusou a assinar o tratado que proíbe a produção e o uso desse tipo de munição", disse.

Após serem lançadas por foguetes, as chamadas munições cluster se abrem e lançam centenas de submunições, atingindo de maneira indiscriminada alvos militares e civis por longas faixas de terra. As bombas não detonadas representam um risco, podendo ser detonadas ao menor toque desavisado.

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Ao Nexo, Kristine Beckerle destacou que os sauditas vêm usando tais munições desde 2011, em seus bombardeios contra rebeldes Houthis, estes ligados ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh e que são contrários ao atual mandatário do Iêmen, Abdrabbuh Mansour Hadi.

"Nossos especialistas em armas identificaram resíduos dos foguetes terra-terra Astros 2, fabricados no Brasil […].A coalizão liderada pela Arábia Saudita já havia usado munições cluster produzidas pelo Brasil antes. Em 2015, a Anistia Internacional havia encontrado resíduos de munições cluster disparadas por foguetes do sistema Astros em outro ataque no Iêmen, que deixou pelo menos quatro pessoas feridas", afirmou a pesquisadora.

Ela ainda criticou o fato do governo brasileiro ter preferido se abster em 5 de dezembro do ano passado, quando uma farta maioria de países endossou a decisão de banir munições cluster de seus arsenais. No dia seguinte, duas pessoas morreram no Iêmen após serem atingidas pelas bombas fabricadas no Brasil.

"Em vez de continuar vivendo o risco de que suas armas sejam usadas em ataques ilegais no Iêmen e em outros países, o Brasil deveria assinar a convenção sobre munições cluster e cessar a produção e a transferência desses artefatos imediatamente", pediu a pesquisadora.

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