Rio

Na capital, apenas 58% dos ônibus estão nas ruas, diz Rio Ônibus

BRT tem estações fechadas. Barcas dizem que não vão operar no fim de semana na linha Arariboia-Praça Quinze
Passageiros aguardam ônibus na Rua Bartolomeu de Gusmão, em São Cristóvão Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
Passageiros aguardam ônibus na Rua Bartolomeu de Gusmão, em São Cristóvão Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo

RIO - O quarto dia da greve de caminhoneiros prejudica quem tenta chegar ao trabalho na manhã desta quinta-feira.Com a redução de coletivos nas ruas, passageiros têm dificuldade para embarcar em ônibus. A estimativa é que apenas 30% dos ônibus do Estado Rio circulem hoje, segundo a Fetranspor. Na capital, 58% da frota circula nesta quinta-feira, segundo a Rio Ônibus, o sindicato que representa as empresas do município .  A recomendação é que o passageiro busque trens, metrô e VLT. No BRT, sistema que opera com frota 50% menor, há estações fechadas nos corredores Transoeste e Transcarioca . Às 8h20, a cidade registrou cerca de 70 quilômetros de congestionamento, média que é considerada normal para o horário no município, informou o Centro de Operações Rio (COR).

A CCR Barcas suspendeu a operação da linha Arariboia-Praça Quinze no sábado e no domingo .

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Com previsão de que apenas 50% da frota do BRT circule, passageiros enfrentam dificuldades para embarcar no sistema. Na estação Magarça do BRT, no corredor Transoeste, passageiros relatam dificuldade para embarcar. Os ônibus que seguem de Santa Cruz no sentido Alvorada (Barra da Tijuca), lotados, não estão parando no local.

— A estação costuma ser cheia, mas sempre conseguimnos embarcar. Hoje está um absurdo. Estou desde 4h45 e, às 6h35, ainda não consegui entrar num ônibus do BRT. Estou pensando em pegar no sentido contrário para voltsar e pegar o ônibus no início, em Santa Cruz. As pessoas estão muito nervosas, desde antes das 4h já tinha confusão — diz Rita Ferreira, de 35 anos, auxiliar de serviços gerais.

A diarista Iolanda Novaes, de 43 anos, mora no Magarça. Ela chegou na estação às 5h e, uma hora e meia depois, ainda não havia conseguido embarcar.

— Nunca vi isso assim. Estou com medo de entrar e ter confusão. Vou esperar acalmar.

A arrumadeira Ana Lúcia Procopio, de 46 anos, chegou às 5h20 na estação Magarça e às 6h50 ainda não havia conseguido embarcar em um ônibus do BRT.

— Três amigos meus já desistiram e voltaram para casa. Outros estão preferindo pegar Van ou o frescão, que é mais caro. Eu vou aguardar mais um pouco, ainda tenho esperança de entrar num ônibus — disse a arrumadeira, que trabalha na Barra.

Às 6h45, um ônibus vazio parou na estação - o primeiro em duas horas que não estava lotado, segundo relatos. Ana Lúcia correu, mas não conseguiu embarcar.

Do lado de fora da estação, vans que normalmente fazem o trajeto para Campo Grande passaram a oferecer o trajeto para Barra a preços que variam de R$ 10 a R$ 15.

Em São Cristóvão, na Rua Bartolomeu de Gusmão, passageiros reclamam da demora para embarcar. Na Central, a auxiliar de limpeza, Flávia dos Santos, ficou esperando 30 minutos na manhã desta quinta-feira, enquanto normalmente esperaria 10 munutos esperando a Linha 111 na Central do Brasil. No Alvorada, principal terminal rodoviário da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, a movimentação de passageiros ainda era pequena por volta das 5h. Havia ônibus no local no momento em que a reportagem esteve no local.

— Estou indo para o médico em Botafogo. Peguei o 371 no Jacaré e veio mais lotado que o normal. Esperei 20 minutos, mas o ônibus costuma passar de cinco em cinco minutos. O motorista ainda desligou o ar para economizar combustível — diz a dona de casa Penha Maira, que saiu mais cedo de casa prevendo problemas para pegar ônibus hoje.

ESTAÇÕES FECHADAS NO BRT

Além de estações lotadas, passageiros também foram surpreendidos com fechamentos de 39 estações. As estações do BRT que ficam entre o Fundão e Madureira, na Zona Norte do Rio, e no eixo da Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande, na Zona Oeste, estão fechadas na manhã desta quinta-feira . De acordo com informações do consórcio que administra o transporte, isso ocorre porque apenas metade da frota está circulando — a diminuição ocorre por causa da falta de combustível para abastecer os ônibus.

Pelo segundo dia consecutivo, a escassez  de combustível provocada pela greve de caminhoneiros afeta a circulação dos ônibus no Rio. Um dos pontos onde a situação é  complicada é  a Rodoviária de Campo Grande. no local, funcionários de empresas de ônibus, estimam que estão em operação cerca de 60% da frota. Além disso, a estação do BRT que existe ali não está em operação.

Postos de combustíveis em São Cristóvão e em Bonsucesso, na Zona Norte da Cidade, ainda têm combustível na manhã desta quinta-feira. Em Niterói, porém, motoristas relatam dificuldade para abastecer veículos.

A greve dos caminhoneiros afetou a circulação de ônibus no município nesta quarta-feira. De manhã, segundo a Rio ônibus, cerca de 20% da frota não saiu às rua na cidade. No fim do dia, esse percentual foi ainda maior: 28%. Com a quantidade de coletivos reduzida, os passageiros sofreram, principalmente, na volta para a casa.

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A greve dos caminhoneiros e a consequente falta de combustível continua afetando a circulação dos ônibus no Rio. Por conta da falta de diesel no interior das garagens, diversos coletivos precisam ser reabastecidos em postos de gasolina espalhados pela cidade. Foi o que aconteceu entre o período da noite desta quarta-feira e início da madrugada desta quinta, num posto BR localizado na Rua 24 de Maio, no Méier, na Zona Norte. Em sete horas — das 19h até as 2h — cerca de 100 ônibus reabasteceram naquele local, relatam funcionários.

SUPERLOTAÇÃO NOS TRENS

Moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense, a diarista Jaqueline Benedita Antunes, de 45 anos, disse ter sofrido muito dentro de um vagão superlotado da SuperVia na ida para a Central do Brasil. Ela contou que o trem que pega todos os dias é expresso e vai direto para a central sem paradas. Na manhã desta quinta-feira, no entanto, a viagem que normalmente dura 40 minutos foi feita em uma hora e dez minutos.

— Nunca imaginei que pudesse haver um engarrafamento na SuperVia. O trem em que eu estava parou em todas as estações por causa do congestionamento das linhas. Eu vim espremida, em pé. Minha coluna está toda doida. A gente sofre fisicamente com isso e é muito ruim. Como é que vou trabalhar nessas condições? — questionou Jaqueline no Terminal Rodoviário Procópio Ferreira, na Central do Brasil, enquanto aguardava um ônibus da linha 309, da real Auto ônibus, para ir para o trabalho, em Botafogo.

A comerciária Cristina Silva Lima, de 24 anos, disse que pegou um ônibus da linha 247 (Méier - Central do Brasil) e ouviu do motorista quê os coletivos da empresa só vão rodar até as 20 horas desta quinta-feira por causa da falta de combustível.

— Estou muito atrasada. Pego às 7h no trabalho e saio às 3h30 da tarde. Mas eu chego em casa às 19 horas por causa do trânsito. Se amanhã não tiver ônibus isso vai me afetar. Como é que eu vou vir trabalhar? O ônibus faz ponto final na Camarista Méier, que é onde eu moro — comentou. — Hoje, o ônibus veio superlotado e eu precisei vir em pé, sacolejando. Não foi bom.

A doméstica Walcyr Faustino, de 71 anos, mora em Ricardo de Albuquerque e reclamou de ter vindo em pé num trem toda espremida.

— Por causa desse problema que está acontecendo com o preço dos combustíveis hoje eu vim pé no vagão toda espremida. Estou com corpo dolorido e para a minha idade isso não é bom. Preciso trabalhar para o meu sustento — comentou a mulher.

Em função da redução da frota de ônibus no estado do Rio de Janeiro, a SuperVia informou que monitora o fluxo de embarque de passageiros nas estações e trens extras poderão ser disponibilizados de acordo com a necessidade de cada ramal. A SuperVia programou para hoje a oferta de 2.103.600 lugares, em 942 viagens.

Já o metrô Rio, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que reforçou as equipes em operação nas 41 estações a fim de assegurar a agilidade no atendimento e a segurança no transporte dos clientes.

Em nota, a Secretaria municipal de Transporte informa que, em função da continuidade da greve dos caminhoneiros, com o consequente agravamento do problema de abastecimento de combustível dos coletivos, a circulação dos ônibus na cidade, bem como a do BRT, será afetada nos próximos dias até que a situação seja normalizada. A Prefeitura do Rio recomenda que os deslocamentos sejam feitos prioritariamente por transporte público de massa (metrô, trem e VLT). A SMTR já contatou as concessionárias solicitando reforço devido à possibilidade do aumento da demanda de usuários. E o Centro de Operações da Prefeitura do Rio vai monitorar os impactos causados pela greve dos caminhoneiros, que acarretará na diminuição da frota de ônibus.