Por Rodolfo Tiengo, G1 Ribeirão e Franca


Água perdida na distribuição em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV/Arquivo

Com um índice de água perdida na distribuição acima da média nacional, Ribeirão Preto (SP) ficou na 21ª colocação no ranking 2018 do Instituto Trata Brasil, que avalia a qualidade do saneamento público nas 100 maiores cidades do país.

No levantamento referente aos dados de 2016, a cidade obteve nota total de 7,99, principalmente em função do desperdício de 61,8% no abastecimento. A média nacional de perdas é de 38,1%.

Da mesma região, Franca (SP) obteve a maior nota do país pelo quinto consecutivo com um índice de 12,7% de perdas.

Em nota, o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) informou que os dados utilizados pelo Trata Brasil foram fornecidos pela gestão anterior foram alvos de denúncia de fraudes e estão sob análise judicial.

Ainda assim comunicou que tem realizado ações para reduzir as perdas em função dos vazamentos na rede - hoje em 42% - e de fraudes, furtos de água e submedição de hidrômetros. "Em 2017, o Daerp conseguiu reduzir as perdas na rede de 42% para 37,2%", comunicou.

Entenda a nota de Ribeirão Preto no saneamento básico
Com avaliação baixa em perdas na distribuição, cidade alcançou pontuação total de 7,99
Fonte: Instituto Trata Brasil

De acordo com o estudo, feito com base em dados do Ministério das Cidades, a abrangência do sistema de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto em Ribeirão Preto obteve notas máximas.

Apesar das constantes reclamações de falta d'água, em bairros como o Jardim Heitor Rigon, e de problemas estruturais reconhecidos pelo próprio Daerp, em tese o município consegue fornecer água tratada a mais de 99% de sua população, coleta 98% de seu esgoto e trata quase 90%, de acordo com o ranking.

O desempenho desses itens, por outro lado, acaba prejudicado pelas perdas na rede de abastecimento, que em 2016 alcançaram 61,8%, segundo o Trata Brasil.

As 21 melhores cidades no ranking Trata Brasil 2018
Ribeirão Preto perdeu posições devido a elevado desperdício de água
Fonte: Instituto Trata Brasil

A pontuação nesse item foi de 0,12 de um total de 0,5. A cidade, que ficou atrás de municípios como Jundiaí (SP), Niterói (RJ), Campinas (SP) e Petrolina (PE), também perdeu pontos no nível de investimentos em relação ao faturamento, de 12%, que resultou em uma nota de 0,26 de um total de 1 ponto.

"Quando a gente olha indicadores de atendimento de água de coleta e tratamento de esgoto, de fato Ribeirão já tem indicadores muito bons. O indicador que ainda tem um desafio grande pela frente é o de perdas na distribuição. Certamente, se Ribeirão tivesse indicadores melhores nessa parte de perda de água, estaria entre os 20 primeiros", afirma o economista Pedro Scazufca, um dos pesquisadores responsáveis pelo ranking do Trata Brasil.

Embora o próprio ranking informe margens de desperdício inferiores em anos anteriores, segundo autoridades estaduais o problema é crônico no município.

Em 2014, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) já havia alertado para um desperdício que chegava à metade de toda a água captada do Aquífero Guarani, manancial subterrâneo utilizado como única fonte de abastecimento da cidade. Naquele período, a cidade acumulava, por dia, 70 reclamações de vazamentos em sua rede.

Segundo Scazufca, uma boa colocação no estudo resulta da soma de um bom planejamento, de uma regulação presente e de uma operação eficiente. "A operadora, seja qual for a origem dela, que seja eficiente, que consiga prestar um bom serviço e tenha níveis de eficiência bons, como por exemplo indicadores de perda de água."

Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) — Foto: Reprodução/EPTV

Investimentos

O Daerp informou que, para este ano, devem ser investidos R$ 113 milhões em melhorias de saneamento, o equivalente a 36,25% do faturamento da autarquia.

O dinheiro, segundo o departamento, será aplicado na troca de 120 mil hidrômetros com defeitos, na instalação de 10 quilômetros de adutoras, na construção de reservatórios em bairros como Ribeirânia, Jardim Heitor Rigon, Parque São Sebastião e Campos Elíseos, além de intervenções no sistema de coleta e tratamento de esgoto.

"Todas estas obras irão assegurar que Ribeirão Preto a partir de 2019 passe a ter 100% de atendimento de água na área urbana, 100% de coleta de esgoto e 100% de tratamento de esgoto", comunicou.

Em 2017, a atual gestão do Daerp informou ter gasto R$ 56 milhões em cinco novos poços e 34 quilômetros de redes coletoras apesar de ter enfrentado déficit nas contas.

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