Em livro, Vicintin revela drama na contratação de Thiago Neves: 'meu Deus, é o nosso Anelka'

Guilherme Guimarães
gguimaraes@hojeemdia.com.br
08/05/2018 às 16:31.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:43
 (Divulgação/Cruzeiro)

(Divulgação/Cruzeiro)

O dia 2 de janeiro de 2017 certamente foi uma data marcante na história do Cruzeiro, não só pelo aniversário de 96 anos do clube, mas também pela contratação do meia Thiago Neves, o presente que a torcida recebeu dias depois, mas que quase não veio à Toca II. E por pouco o atual camisa 30 não se tornou o “Anelka do Cruzeiro”. Quem revelou isso foi o ex-vice-presidente de futebol Bruno Vicintin, em seu livro “Caminhos do Penta”, lançado na última segunda-feira (7).

Na obra que conta os bastidores da conquista do pentacampeonato da Raposa na Copa do Brasil, Vicintin disse que a contratação de Thiago Neves quase se tornou uma tragédia pelo anúncio de forma antecipada feito pelo então presidente Gilvan de Pinho Tavares, o que fugia do combinado com o agente do jogador.

“Chegou o dia da missa de aniversário do Cruzeiro, 2 de janeiro, no salão nobre do Barro Preto. Doutor Gilvan estava sendo muito pressionado e estava muito ansioso para anunciar alguém (...) Quando Gilvan começou seu discurso no Barro Preto a torcida o pressionou. Ele então disse que estava próximo de contratar um jogador, mas que não poderia ainda revelar o nome. Naquele momento ele foi vaiado e cobrado veementemente. Acuado no púlpito, o presidente mudou de ideia e disse que falaria, sim, o nome”, contou Vicintin.

No livro Vicintin conta que o negócio ainda não estava sacramentado no dia do aniversário do clube e que o combinado com o staff de Thiago Neves era que o nome só fosse anunciado quando tudo tivesse acertado. A obra mostra ainda que uma divulgação de forma equivocada atrapalharia a rescisão do jogador com o Al Jazira, clube do Mundo Árabe.

Mas foi justamente o que aconteceu, Bruno Vicintin conta também que Gilvan de Pinho Tavares cedeu às pressões dos torcedores e contrariou o pedido do então vice de futebol, revelando que Thiago Neves seria o contratado. E a contratação do meia ficou por um fio pela negligência de Gilvan.

“Quando ouvi isso, eu me desesperei. Por telefone, comecei a berrar com Guilherme Mendes (diretor de comunicação à época). Pelo Amor de Deus, vai lá e desliga o microfone, não deixa ele falar, não deixa ele falar. Num segundo de respiração entre meus gritos eu só ouvi ao fundo da ligação a voz do presidente anunciando. ‘É o Thiago Neves”. (...) o rapaz que toma conta das redes sociais do Cruzeiro tuitou que o clube havia contratado Thiago Neves. Meu primeiro pensamento foi: ‘Meu Deus do Céu, é o nosso Anelka!’ Porque o negócio ia melar”, revelou a história em tom de drama, já que estava em viagem ao exterior com a família pelas comemorações de fim de ano.

Contratação quase cancelada

Na obra Vicintin conta ainda que Gilvan chegou a pedir no dia da apresentação de Thiago Neves na Toca II que a contratação do jogador fosse cancelada. Isso com o atleta no centro de treinamento, com a imprensa toda posicionada para a entrevista de apresentação minutos antes da coletiva na sala de entrevistas.

Tudo porque o departamento jurídico do clube não aprovara os valores da comissão que o então emissário do Cruzeiro ao mundo árabe, Klauss Câmara, que depois acabou sendo promovido ao cargo de diretor de futebol, havia acertado com o agente de Thiago Neves.

“Nosso diretor jurídico tinha certa rusga com o Klauss e convenceu o presidente de que aquela comissão era absurda. Fabiano (de Oliveira Costa, diretor jurídico) então ligou para o Leandrinho (empresário do Thiago Neves) dizendo que o Cruzeiro se recusava a pagar a comissão. Essa atitude desmoralizou o Klauss, que havia negociado tudo em nome do clube. Eu estava na sala do Gilvan quando o diretor jurídico retornou a ligação ao presidente dizendo que o agente não quis mexer naquilo que já havia sido acordado. Gilvan disse ao telefone ‘então pode desfazer o negócio’”

Para a história não se tornar o maior vexame do Cruzeiro na história, o próprio ex-dirigente pressionou psicologicamente para evitar o que ele mesmo, Vicintin, considerou como “bomba atômica na Toca da Raposa”.

“Eu disse: Presidente, se fizermos isso, vai ser como jogar uma bomba atômica na Toca da Raposa, vamos ser ameaçados de morte, vai acabar com a carreira de todo mundo, vai ser o mais vexame da história do futebol brasileiro”. Aí que o então presidente autorizou a apresentação nos moldes definidos por Klauss Câmara.

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