Friburgo 200 Anos

Por Juliana Scarini, G1 — Nova Friburgo


Curiosidades marcam a história de fundação de Nova Friburgo, no RJ — Foto: Arquivo Pessoal/Janaína Botelho

Fundada em 1818, Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, surgiu como uma colônia suíça e acabou crescendo após se tornar a rota do café, que era produzido em Cantagalo, município vizinho. Segundo a historiada Janaína Botelho, o desenvolvimento da cidade guarda muitas cuirosidades.

Nos 200 anos da cidade, comemorado nesta quarta-feira (16), o G1 traz fatos diferentes e inusitados que muitos friburguenses não conhecem. Afinal, quem hoje em dia faria um passeio de barco pelo Rio Bengalas?

Atualmente, o munícipio se consolida como a capital da moda íntima e maior produtor de peças do ramo no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit).

Conheça as curiosidades de Nova Friburgo

Batalha das Flores

Carruagens enfeitadas com flores era atração no carnaval de Nova Friburgo no século 19 — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

O carnaval de Nova Friburgo é o segundo maior do estado, perdendo apenas para a folia no Rio de Janeiro. Mas antes de ter as tradicionais escolas de samba, o Dia de Momo era comemorado com uma “Batalha das Flores”, no final do século 19.

Segundo Janaína Botelho, o evento era realizado por veranistas cariocas. As carruagens eram puxadas por cavalos e eram todas ornamentadas com flores artificiais e naturais como orquídeas, rosas, papoulas, camélias e cravos.

Carros enfeitados com flores naturais e artificiais eram puxados por cavalos no Carnaval de Nova Friburgo — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

“Estes ornamentos de flores tinham formas de animais, como um cisne, borboletas, motivos de mar ou estilo japonês. Ao final do desfile, os ocupantes dos carros ornamentais promoviam uma batalha atirando flores uns contra os outros”, contou a historiadora.

Colonas suíças amas de leite

Colonos suíços em Nova Friburgo (RJ). Suíças eram ama de leite — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

Janaína também contou que a esposa de Dom Pedro I, a arquiduquesa Leopoldina, recorreu à Vila de Nova Friburgo, como a cidade era conhecida no século 19, solicitando uma colona suíça para servir como ama de leite.

“Existem três versões sobre quem teria sido a ama de leite de Dom Pedro II. Doline Bellet, conforme Pedro Cúrio; Maria Catarina Equey, segundo o historiador José Murilo de Carvalho; e Marie Françoise Cretton, conforme o pesquisador suíço Daniel Jacquerioz. Todas deixaram registro se dizendo amas de leite do imperador”, lembrou.

Turismo para fugir da febre amarela

Veranista no Hotel Leuenroth. Turistas vinham para Nova Friburgo, RJ, para fugir da febre amarela na capital — Foto: Arquivo pessoal/Fundação Dom João VI

Se hoje em dia a cidade atrai turistas em busca dos circuitos gastronômicos, pontos turísticos e compras nos polos de moda íntima aos fins de semana, a historiadora lembra que, no final do século 19, os veranistas permaneciam seis meses em Nova Friburgo.

O objetivo, de acordo com a Janaína, era fugir das epidemias de febre amarela durante o verão no Rio de Janeiro. Ela conta que o Hotel Leuenroth, situado na Rua Leuenroth, era um dos mais procurados e ficou famoso após ter hospedado o Imperador Dom Pedro II diversas vezes.

Particularidade sobre o trem

Muita gente se esquece, mas Nova Friburgo já teve um trecho da linha férrea que foi inaugurado em 18 de dezembro de 1873.

A historiadora explica que o trem passava por uma serra com uma das mais fortes rampas ferroviárias existentes no mundo.

“Por isso foi utilizado pela primeira vez no Brasil o sistema de tração tipo Fell. O sistema Fell foi desenvolvido para ultrapassar o maciço do Monte Cenis, nos Alpes, na fronteira da França com a Itália”, frisou.

O Cão Sentado

Na década de sessenta do século 20, o Cão Sentado se tornou o símbolo de Nova Friburgo (RJ) — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

As montanhas da cidade, segundo Janaína, são o alinhamento mais importante do Brasil em termos geográficos, com 1.500 quilômetros de extensão.

Ela conta que apesar de belíssimas montanhas, picos e morros, na década de 60 do século 20, os gestores do turismo elegeram o morro do Cão Sentado como símbolo da cidade.

A pedra em formato de cão é famosa até hoje e é um dos principais cartões postais e ponto turístico do município. O adminsitrador do espaço, Ronaldo Amorim, afirma que o parque – com trilhas, tirolesa e pescaria – recebe cerca de 300 pessoas por semana.

Passeio de barco pelo Rio Bengalas

O Rio Bengalas era represado na altura da Praça do Suspiro, em Nova Friburgo (RJ), e a atração eram os passeios de barco — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

O Rio Bengalas é formado pelo encontro dos rios Santo Antônio e Cônego e corta todo o Centro da cidade até o distrito de Conselheiro Paulino.

Janaína explica que ele nunca foi considerado um rio navegável, mas um recurso permitia passeios de barco em alguns momentos de festejos na cidade.

“O rio era represado na altura da Praça do Suspiro para que se tornasse navegável e os barcos pudessem circular”, relembrou a historiadora.

Rio Bengalas, no Centro de Nova Friburgo. Pontes permanecem as mesmas em registro feito recentemente — Foto: Arquivo Pessoal/Osmar Castro

"Cidade salubre"

No primeiro plano da imagem, o Instituto Sanitário Hidroterápico no ano de 1872, em Nova Friburgo (RJ) — Foto: Arquivo pessoal/Janaína Botelho

Em 1872, foi inaugurado o Instituto Sanitário Hidroterápico. O espaço era voltado para o tratamento de várias doenças, principalmente, a tuberculose.

Por causa do clima, as pessoas acreditavam que ficariam curadas mais rápido e criou-se a ideia de “cidade salubre”.

Janaína explicou que, na verdade, não era o clima que curava, mas essa percepção ficava no inconsciente dos pacientes e atraiu milhares de pessoas e investimentos. O intituto era do médico Carlos Éboli e foi considerado o maior da América Latina.

A unidade também recebeu Dom Pedro II e a Princesa Izabel. Dados da história apontam que o imperador, por ser diabético, não conseguia engravidar e eles acabaram recorrendo à hidroterapia. Na época, as águas da cidade também eram conhecidas pelo “poder de cura”.

Confira outras informações sobre o bicentenário de Nova Friburgo na nossa página especial.

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