Economia

Banco Central da Argentina vende dólar a 25 pesos em medida para tentar limite para moeda

País teve redução de quase US$ 10 bilhões em suas reservas internacionais este ano

Casa de câmbio em Buenos Aires. Foto: Martin Acosta/Reuters
Casa de câmbio em Buenos Aires. Foto: Martin Acosta/Reuters

BUENOS AIRES - Numa medida desesperada e emergencial, o Banco Central da República Argentina (BCRA) ofertou nesta segunda-feira US$ 5 bilhões no mercado cambial de atacado a 25 pesos, na tentativa de impor um teto à cotação da moeda americana. Esta terça será um dia D para o Banco Central da República Argentina (BCRA), já que vencerão 671 milhões de pesos em letras do BC e o temor é de que grande parte deste montante seja destinado à compra de dólares.

A iniciativa da oferta de dólares a 25 pesos marca o início de uma semana que não será uma semana fácil para o presidente da Argentina, Mauricio Macri, que, além das pressões do mercado cambial vem enfrentando, ainda, críticas públicas de ex-ministros de seu governo como o economista Alfonso Prat Gay, que comandou a extinta pasta da Fazenda e Finanças, até dezembro de 2016 (hoje o ministério foi dividido em dois). Em entrevista a um canal de TV local, Prat Gay assegurou que a decisão de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) representa “um fracasso da política econômica e dos dirigentes”.

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Macri também foi questionado pelo ex-presidente do Banco de la Nación Argentina (um dos bancos estatais mais importantes do país), Carlos Melconian, que acusou o governo de ter “passado dois anos perdendo o tempo com esse papo das boas ondas” e agora vai colher uma inflação mais alta (fala-se em 25% anual), um ano antes das eleições presidenciais.

As declarações dos ex-funcionários irritaram a Casa Rosada e levara o chefe de gabinete, Marcos Peña, a assegurar que “nós não passamos dois anos de brincadeira”. Peña admitiu que o governo perdeu “credibilidade e confiança”, mas negou que a falta de um ministro da Economia forte seja um problema para o país, como apontaram vários analistas nos últimos dias.

— Aqui não existem salvadores. Como estávamos com um ministro da Economia forte? Mal. — disse o chefe de gabinete e número dois do governo Macri.

Enquanto o governo e seus críticos debatem na mídia, o dólar continua subindo e nesta segunda-feira ultrapassou a barreira dos 25 pesos.

— O BC está usando todas as ferramentas que tem neste momento — explicou o economista Amilcar Collante, do Centro de Estudos Econômicos do Sul.

Para ele, “o objetivo agora é passar este vencimento. Depois será necessário recalcular a política do BCRA”.

Este ano, as reservas da instituição já caíram de US$ 63,9 bilhões a cerca de US$ 55 bilhões.

— A situação é bastante crítica e o governo está fazendo tudo o que considera necessário para sair dela — disse o economista.

Nesta segunda, Macri conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na próxima sexta-feira, haverá uma reunião importante no FMI sobre o pedido de crédito feito pela Argentina. A expectativa da Casa Rosada é fechar o entendimento o mais rápido possível.